07/07/2015
Sempre fui complicada. Nunca tive uma certeza na vida, mudo de opinião assim como mudo de roupa, de posição na vida profissional e pessoal, não sei se quero cursar uma faculdade ou cair no mundo, talvez faça de arquitetura, mas ai vou ter que substituir palavras por rabiscos. Me jogar de cabeça em um amor de verão em pleno inverno e achar que é pra sempre, dai uma coisa que nunca muda.
Nem na escola conseguia me decidir onde sentar, um dia ia para o fim da sala (e durante a aula anotava, mais uma vez, em um bloco de notas mental que devia ir visitar meu oftalmologista) e no dia seguinte sentava na primeira fileira (e então me sentia incomodada porque o professor olhava o que estava escrevendo), e sentava no meio da sala, uma vez no lado direito outro do esquerdo, talvez por isso não era de amigos fixos, falava com todos da sala com certeza, mas não saia de lá. Tentei mudar várias vezes, sempre soube que não era saudável ser tão indecisa, mas também era bom estar sempre mudando.

Já fui loira, já fui ruiva, já fui colorida, rosa e azul são cores lindas de cabelo, alisei meu cabelo aos 13 anos, tive cabelo até a cintura e então de uma só vez cortei até um pouco acima dos ombros, agora tô deixando ele enrolar de novo. nenhum deles durou muito tempo, assim como as minhas aulas em vão para aprender a tocar violão.

Depois de muito tempo encontrei uma pessoa que entendia todas as minhas mudanças mesmo sendo rotineiro, tinha a vida inteira planejada em duas folhas de papel, tituladas como plano A e B. No A ele se formava em biologia e se tornava um biólogo famoso, ficava rico e teria uma casa na capital e outra no meia da floresta amazônia, se casaria com uma colega da faculdade no último ano da faculdade. No plano B, postaria um vídeo no youtube e bombaria, viraria um rock-star e depois de ganhar dinheiro suficiente para não precisar trabalhar por pelo menos 10 anos, sumiria da mídia, compraria uma casa bem longe da civilização e, quando todos já tivessem esquecido dele, ele voltaria. Ele vivia escrevendo sobre mim, pegava meu celular para passar as músicas que ele gostava e que em pouco tempo eu também começava a gostar, ele sabia tocar violão e até tentou me ensinar, mas não deu muito certo, o som da sua gargalhada era o melhor do mundo.

Lembro dele porque foi com ele que eu finalmente consegui tomar uma decisão sozinha. Decidir desistir, deixar ir. Nossa amizade acabou com uma monossilaba quando ele conheceu uma garota que o fazia feliz, mas ela não gostava muito de mim e então ele escolheu deixar nossa amizade pra lá e seguir com ela. Me perguntei por um bom tempo se eu tinha feito algo que ele não tinha gostado até um dia que decidir deixar pra lá também e foi a melhor que fiz na minha vida.

Me senti culpada em ver que essa tinha sido a única decisão concreta tomada em toda minha vida, mas a sensação de desapego é tão boa que continuei fazendo, mas sabendo que nenhum desses foi amor, porque quando é amor é impossível desistir.

Voltei a ser a garota compreensível por um tempo e então não mais, mudei de novo. Não tô dizendo que sou solitária, o fato de mudar o tempo todo me possibilitou conhecer pessoas "parecidas", sempre tive uma festa para ir em um sábado a noite ou uma sexta-feira, mas sempre preferir ficar em casa.

Alguns anos passaram depois disso, continuei acompanhando ele pelas redes sociais e fiquei sabendo que o namoro terminou 2 meses depois, e que ele ficou com outros garotos, começou a beber, mas continuou indo a igreja, deixou a barba crescer e se mudou para Brasília, pintou o cabelo de ruivo... mudou.

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Sobre mim

Sobre mim
Uma comédia romântica com trilha sonora na voz de Renato Russo e Tiago Iorc, com créditos para Cícero, Phill Veras e Soulstripper. Tenho 20 anos, sou sagitariana, mas controlada. Moro na cidade luz, a da chuva da tarde, mangueiras, do açai e tacaca e só saio daqui para uma breve viagem ao redor do mundo. Fã de carteirinha de bandas que não existem mais e cantores desconhecidos. Em busca do grande sonho que é a independência e felicidade no mesmo pacote.

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