03/03/2017

Aos 20 anos ela não bebe, não fuma, enquanto conhece pessoas com a mesma idade já saturadas da vida na farra. Ela se ilude dizendo que não precisa de bebida, de cigarro, diz que dá para ser feliz sóbria - se ilude. Se tranca no quarto e se ilude mais uma vez dizendo que prefere Netflix do que o Dj na casa de show perto de casa. Se ilude quando chama os amigos para uma tarde descontraída e finge estar bem para todo mundo, e finge também que não sabe que depois que ela saiu eles começaram a falar mal dela e como ela mudou de um tempo para cá - ela se ilude achando que é uma boa atriz. 
Ás vezes ela para pra pensar na vida e como ela anda tranquila. Se ilude quando chega à conclusão que está tudo bem. As vezes ela para pra pensar e vê que está tudo em caos, mas ela é sã o suficiente pra pensar nos sintomas da depressão, o tempo todo é isso, fica procurando desculpa para dar na próxima vez que a chamarem pra sair, "desculpa, eu 'tô' com depressão", ela nem se quer sabe o que é depressão. 
O grande problema dela é a solidão e o medo de estar com alguém, e isso não é de um tempo pra cá, é deste sempre, mas poucos sabem do espaço que ocupam no coração dela, ela tem medo de demonstrar também, e quando percebe que a pessoa não está mais interessada, faz questão de se afastar primeiro. Tudo acaba em um grande mal-entendido.
Ela fala pouco e observa demais, grande erro, já que depois tem que fingir não ter visto nada. Ela vê pessoas falando dela como se ela não tivesse ali, é como se não tivesse mesmo, os outros ao redor sempre acham que ela está distraída e no mundinho dela com os fones de ouvido, já até chegaram a chamar de autista, mas ela sabe demais sobre o autismo para procurar um especialista. Aliás, ela sabe de muitas coisas, mas ela não diz nada, acostumada a ser chamada de "em cima do muro" nas grandes discussões sobre política, religião e minorias ela sabe exatamente que lado está, mas antes de expor as suas opiniões ela escuta, mas quando vê que a outra pessoa não está interessada na opinião dela, simplesmente faz o que sabe de melhor, se cala.

Ela se ilude chamando três ou quatro pessoas de melhores amigos, ela sabe que quando precisar não vai ter ninguém por perto. Vai encontrar um ombro amigo na rede social que menos usa e não tem nenhum parente para poder falar o que quiser sem a tia chegar para dizer que ela está querendo se matar, ela não vai nem saber o nome do ombro amigo, só vai contar o que precisa e depois do silêncio de ambos, tudo já foi esquecido.
Ela se acha frágil, mas já superou uns leões que ninguém acredita quando ela conta, é por isso que ela adotou a "história resumida" para qualquer pergunta que a fazem sobre a vida ou passado, a história completa vai só para algumas pessoas, e ninguém nunca a escutou realmente por completo, é complexo demais para alguém ficar escutando sem interromper para contar algo "parecido" que aconteceu com ela também.
Ultimamente ela vem esquecendo das coisas, data de aniversário, número do celular, nome daquela pessoa que conheceu semana passada, já esqueceu o sobrenome da maioria dos amigos mais antigos - ela amava saber o nome completo das pessoas e falar quando queria a atenção. Mas ela nem exige mais atenção então tudo bem ter esquecido.
Ela tem 20 anos e agora que está conhecendo um cara que já ouviu muito falar, Deus. Ela começou a sentir a presença Dele, que parecia estar lá o tempo todo. E ela começou a agradecer por todos os leões que ele anda tirando do caminho, mas ainda continua difícil, a caminhada é compartilhada e tem que ser com calma - pobre sagitariana, ascendente em aquário - antes era tudo com tanta urgência que ela mal sabe se comportar. Mas Deus está lá para guiar, ela agradece.

Ela se ilude repetindo que está tudo bem, mas de um tempo para cá nem ela acredita mais.
23/08/2016
Eu não estou pedindo pra você ficar, cara. Mas eu não vou, chegamos aqui juntos, buscando a mesma coisa e você querendo ou não é o mesmo caminho e eu não vou mudar só pra voce se sentir confortável, sem precisar olhar pra mim diariamente. 
E eu nem sei se fico com raiva mesmo, nem sei o que aconteceu. Pode ter sido eu, com minhas diversas falhas, der errado sem perceber, ou você enjoou de ser a pessoa que eu me encantei. E de qualquer forma não posso me irritar, sou ascendente em aquário - seu signo - e faço mesmo, me enjoou facilmente de pessoas e coisas, excerto você.

Sabe quando o parque de diversões vem na sua cidade e você faz o maior auê para ir e quando chega lá você tem medo da maioria dos brinquedos? E resolve passar a noite na xícara que figa só rodando... Acontece sempre comigo no sentido real e metafórico também, quando conheço alguém e coloco toda expectativa e depois que já descobrimos tudo um do outro, descubro que eram só 3 ou 4 coisas em comum e tudo volta pra mesmice -  "a gente se vê".
Parece que não faz mais tanto sentido quando eu percebo que você foi comigo como é com todo mundo, e agora sei que nunca fui a garota que tomou teu tempo por uma noite e você quis que fosse a vida inteira, sou só uma garota que você gostou de conversar aquela noite e resolveu que não quer perder contato. Assim como a moreninha do curso de inglês e a loirinha que-é- alguma-coisa-de-alguém-da-sua-familia-e-por-isso-estava-no-aniversário-da-sua-mãe. Sei que sou só mais uma dessas e por isso que eu não estou pedindo pra ficar, porque se voce ficar eu acredito em tudo de novo.
15/08/2016
Não seja racista.
Não seja homofóbico.
Não seja machista.
Não mate.
E o mais importante, não se arrependa.

Não criei esse blog para fazer discurso sobre ética da sociedade (odeio sociologia/filosofia), mas confesso que já fiz alguns e estão salvos no rascunho, e hoje eu precisei publicar porque faz um tempo que penso sobre isso, em uma serie da Netflix uma garota fez uma “brincadeira” racista e foi jugada com pedras e farpões nas mãos de telespectadores, pediu desculpa e adivinha? Ninguém aceitou. Um brasileiro ganha medalha de bronze na sua primeira olimpíada, mas a internet não esqueceu do episódio da “brincadeira” racista, mas esqueceu do vídeo de desculpas. Um cantor é mal interpretado e os internautas não perdem tempo em vasculhar os tweets antigo e acham um dele sendo homofóbico e outro mais recente pedindo respeito a comunidade LGBT, mas a internet só vê um cara que “não tem opinião formada”.

Se você erra uma vez hoje, não tem como consertar. E é por isso que a sociedade não vai melhorar, porque aos poucos os “errados” vão perceber que não adianta tentar ser “certo” porque ninguém vai aceitar suas desculpas.

Não seja racista.

Não seja homofóbico.
Não mude.
Que tal essa campanha?
04/05/2016
Você voltou e continuou tudo fora do lugar, a casa não está do jeito que a gente gosta, o café mudou de gosto, a lanchonete da esquina continuou fechada, o professor de linguagens faltou e perdi meu óculos pela milésima vez esse mês. Eu esqueci de escrever e só consegui desenhar um par de olhos na cadeira escolar que eu já não suporto mais sentar.

Você voltou e eu não consegui me alinhar de volta como sempre fiz. A cafeteira quebrou, almocei na casa dos meus pais, o professor viajou para uma palestra internacional e meu grau aumentou, e você nem percebeu quando voltou.

Eu te respondi com monossílabas e você nem se irritou. Você voltou e eu nem fiz questão de ser "a primeira pessoa a te ver", e você também não. Nessas três semanas que você não esteve aqui, tudo mudou e você nem notou. Cortei o cabelo que você pediu para deixar crescer, você nem falou nada.

Imagem de love, couple, and kiss

Ou talvez eu que não falei que notei sua mudança também. Você não reclamou do café forte que eu amo, foi almoçar na lanchonete há duas quadras de casa, não testou meu espanhol toda segunda depois da aula e não riu dos meus desastres causados pela miopia. Você cortou seu cabelo e está mais branco, gasta mais tempo no Skype do que nas outras redes sociais agora e mesmo assim não fez questão de falar sobre sua família que vive na Espanha comigo, eu também não.

Se mudamos então, porque ainda estamos aqui e nenhum dos dois desistiu? Você sabe que eu não desisto de você mesmo já percebendo que finalmente me identifiquei com o meu texto favorito do Daniel Bovolento que diz que pra você eu sou só o "suficiente". E você porque ainda não desistiu de mim, é aquele velho orgulho de aquariano que demorou sete anos pra conquistar uma garota e agora não quer abrir mão?

O que você acha da gente se mudar de novo até dá certo mais uma vez?
18/03/2016
Procurei palavras pra dizer nesse dia, não encontrei... Ou melhor, as perdi. Estavam todas aqui até semana passada quando voltando do curso parei no sinal bem na frente de uma padaria de esquina bem pequena que nunca tinha reparado antes daquele dia, há exatamente 3 anos, e semana passada à reconheci novamente e tudo ficou confuso de novo.
Tinha acabado de sair do seu velório, eu, nosso (na época) melhor amigo e duas amigas dele e sua também (dizendo elas, mesmo que você nunca tenha falado de nenhuma). "Tô com fome" disse uma delas, ele concordou e me perguntou se eu queria comer "Não!" "Vai sim!", paramos na primeira padaria que vimos – era essa que reconheci semana passada.
Meus olhos estavam inchados e ainda cheios de lágrimas lutando para não cair, e por um momento eu voltei a pensar e vi que dali só eu me importava, só eu tinha perdido a fome e só eu pensava em ir pra casa e chorar sozinha. Paguei o meu lanche – que comi menos da metade – e voltamos a caminhar da volta para nossas casas. No meio do caminho nos separamos, elas foram para um lado e eu e ele fomos para outro, sem falar nada.
Era dor e uma pontada de magoa que eu sentia naquele momento, magoa de você e de mim porque lembro da última vez de ter parado na porta da escola e pensado em voltar para dar tchau, mas não fiz porque sabia que nos veríamos logo... Não nos vimos, só eu te vi e não tive coragem de te tocar porque você estava de olhos fechados, desacordada, sem vida e estava sem óculos, – lembro de ter pensado em como você ficava diferente sem óculos.
Três anos depois muita coisa mudou, mas acho que você fui isso ai de onde você está. Eu mudei também por sua causa, era o que você queria deste o começo não é mesmo? Conseguiu no fim.
Não encontrei algo novo pra te falar, talvez porque sei que você já sabe, te contei uma história que lembrei esses dias agora só pra deixar claro que será impossível te esquecer, pequena.

Yngrid Collins <3
22/02/2016
Na primeira temporada de HIMYM, episódio 13. Ted vai sozinho ao casamento de um amigo e, quando já não tem esperança de finalmente encontrar a mãe de seus filhos naquele dia, encontra Vitoria. Mas ambos estão cansados do fim que não dá certo, ela então propõe que eles não durmam juntos aquela noite para que o "dia seguinte" não chegue e estrague tudo novamente, seria só aquela noite para criar uma memória incrível para sempre, sem decepção no final. Não trocam telefone, e-mail, rede social ou qualquer coisa que pode fazer com que eles se encontrem depois e saiam do chamado "que rufem os tambores".

A sensação de estar quase em um lugar que você quer muito chegar é angustiante ao mesmo tempo que gostosa. É a mesma sensação que dá na barriga naquele curto intervalo de tempo quando você está assistindo TV e palpita a responda de uma pergunta valendo 1 milhão e o apresentador faz aquele suspense para dizer a resposta certa. Ou quando você joga na mega sena — e sabe que as chances são mínimas, mas mesmo assim fica nervoso em saber que pode ser você — e as bolinhas no globo giram e apenas uma sai rodando.

Imagem de love, kiss, and couple

Que bom seria se todos os momentos fossem assim, apenas um momento, sem a chance de ser estragado pelo dia seguinte com o "não estou interessado em compromisso agora", "preciso ir", "a gente se vê" — não, a gente não se vê.

A sensação de beijar um pessoa que você está de olho há muito e quando ela se aproxima, naqueles milésimos de segundos seu esforço para chegar ali passa pela sua cabeça e a sensação é inacreditável, o trabalho não está terminado, ainda falta mais um pouco, mas a sensação de finalmente já está de rondando.

Não gostaria que minha vida fosse feita de momentos felizes, eu só queria poder ter essa sensação de "rufem dos tambores" por mais tempo.
06/02/2016
Você me vê transportar e não é por você e sim por sua causa. Não por estar perdendo você, por ter tentando te recuperar por tanto tempo e agora estou te perdendo da mesma maneira que a última vez, não é porque eu sei que essa será a última vez. É porque sei que é a última vez que vou poder transportar de verdade, porque é só você que entende meu transporto.
Você me olha e diz que eu preciso procurar alguém, que tempo problemas. Se não tivesse ocupada demais tentando respirar te daria um tapa na cara e se eu conseguisse que algum som saísse da minha boca seria pra dizer que meu problema é você, mas eu te procuro porque é você que eu preciso.
Você se levanta, "preciso ir"... Se tivesse ar para dizer algo seria "Não", mas não digo, então você vai e eu fico sem poder dizer nada. Posso correr e te segurar, mas não faço. Deixo você ir porque agora entendo que você realmente precisa ir e que não será mais meu nunca mais.
Você disse, anos atrás, que eu escrevia bem. E esse texto que não é um texto e está escrito de forma errada, sem contexto, sem sentido, sem regras gramaticais e sinais corretos. Não sei mais escrever já que escrevia pra ti e você era o único que sabia ler.
01/02/2016
"Era madrugada, sábado para domingo. Um barulho muito forte me acordou, continuei deitada até ouvi o grito da minha mãe, levantei correndo, meu pai estava deitado no chão com um homem apontando uma arma para ele, outro apontando uma para minha mãe e logo me viram, deitei no chão junto com eles.
Enquanto um ficava com a arma apontada para a gente os outros 4 vasculhavam a casa. Pegaram as 2 TV's e dinheiro, nada mais... Nada mais além da vida do meu pai. Me joguei na frente, mas já era tarde, a bala já tinha chegado. O gatilho foi apertado mais uma vez agora em direção à minha mãe, falhou. E mais uma vez em minha direção, falhou. Saíram correndo e avisaram "a gente vai voltar pra matar vocês duas!". Cai em cima do meu pai, que ainda respiram ofegante, minha mãe pegou o celular para ligar para emergência, ela já falava quando senti seu último suspiro no meu rosto. E levaram a vida do meu pai junto com os bens matérias que nunca me variam falta."

Esse depoimento é da minha melhor amiga. Foi o pai dela que morreu, foi ela que vivenciou essa cena de terror. A arma estava apontada para ela e não para mim, mas enquanto ela me contava eu tentava fingir ser forte para que ela soubesse que eu aguentava ouvir a dor dela. Mas chorei ao chegar em casa, um choro sem controle, com soluços e falta de ar.

Perdi uma melhor amiga há 3 anos, apendicite, foi uma das piores dores que já senti. Me fechei para o mundo por um bom tempo e há um ano atras uma garota muito parecida com ela apareceu e me fez voltar a viver. O nome começava com Y também (isso fazia com que ela ficasse sempre bem atras de mim na chamada), tinha as mesmas manias, os mesmos gostos e até o mesmo corte de cabelo. Tentei por muito tempo não me apegar, mas não adiantou de nada. Em pouco tempo ela era minha melhor amiga e a unica coisa que pude fazer era me entregar por inteiro de novo.

Na madrugada do dia 24/25 de Janeiro, o choque de receber a noticia de que eu poderia ter passado por tudo de novo, perder minha melhor amiga de novo foi mais forte do que minha vontade de dar força, de fingir que eu sou forte e que ela poderia se apoiar em mim como fortaleza. Desabei não só no meu quarto sozinha, mas com ela, do lado dela. E me senti bem em poder dizer para ela que amo, pude dizer para ela naquele momento tudo que não pude dizer á Yngrid, disse para Yanca. E o tudo era somente isso: "Te amo".

Sobre mim

Sobre mim
Uma comédia romântica com trilha sonora na voz de Renato Russo e Tiago Iorc, com créditos para Cícero, Phill Veras e Soulstripper. Tenho 20 anos, sou sagitariana, mas controlada. Moro na cidade luz, a da chuva da tarde, mangueiras, do açai e tacaca e só saio daqui para uma breve viagem ao redor do mundo. Fã de carteirinha de bandas que não existem mais e cantores desconhecidos. Em busca do grande sonho que é a independência e felicidade no mesmo pacote.

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